A DOR
Dor insana
Que permeia meu ser
Aniquila com tudo
Deixa a casca intacta
O ser interno se torna
Cada vez mais taciturno
Como fazer para enterrar a dor?
Não se pode esmorecer
Não se pode permitir cair
Não se pode fazer nada
Apenas se tornar uma máscara
Nada mais a fazer
Caminhar incólume e à margem
Impassível e intocável
Inatingível como uma estrela cadente
Morta e enegrecida tal qual
Uma ruína tomada pelo fogo
Porém, ereta e altaneira
Como um soberbo minarete
Em meio ao deserto
Continuando a ser tão somente
Porto ou abrigo
Asilo de muitos
Contudo sempre se encontra
Descoberta e fustigada pelos
Ventos e tempestades
Não há fuga
Não há caminho de saída
Está ali e ponto
E poucos são capazes
De lhe observar a dor
Tampouco poderem
Lhe dar alento
Pois aos ventos e as tempestade
Que fustigam sua face sem cessar
Não lhe permitem ser aquilo
Que gostaria de ser
Em meio ao lago de fogo que a cerca
A alta temperatura a molda
Impenetrável, incorrupta e intocável
Dilacerada e sufocada pelos gases mortais
Seus gritos não podem ser ouvidos
Porque são silentes ante os trovões
E relâmpagos, e como não há a beleza
Não há encanto, o desafio
Não vale o preço da conquista
Enfim só lhe resta
A dor ...
Clamante e pungente
Que a recorda de ser
Sólida e solitária
De vez em quando
Um raio de sol permeia
Seu cárcere eterno
Seu ser sombrio se ilumina
Momento fulgaz que passa
Como um suspiro derradeiro
E a dor volta clamante
Por sua mente e alma
Seu corpo se contorce ante aos grilhões
Mas, sua força se esvai
Restando apenas a aparência
Nada mais que a capa protetora
Pois sua função está em ser abrigo
Dar alento e conforto
Todavia, jamais receber em troca
Sua função consiste em nunca
Esmorecer ou cair
Não importa a dor,
Não importa se é humana
Se é Mulher ou não
Seu destino jaz em apenas
Sentir ou perceber a dor
Própria ou alheia
Amar ou ser amada
Isso nunca acontecerá
Porque não possui o
Talento exigido para tal coisa
Silente e solitária
Invulnerável e impenetrável
Não há espaço para docilidade
Não há tempo para carícias
Nem tampouco para sonhos
O único morador resilente
É a dor, apenas dor
Para lhe mostrar
Quão mordaz pode ser
Seu açoite ...
O alívio de um raio de sol
Sempre será substituído
Por inúmeras chibatadas
Punição por ter ousado
Se lembrar da esperança
De ter almejado ser amada
O Riso plangente da Dor
A faz estremecer
O frio caótico dentro
Da insípida alma que teima
Em continuar humana
Se recusa...
Mesmo atada aos grilhões
Enfrentar a Dor como um tordo
Preso nas patas de um gato furioso
Por mais lastimosa e triste
Que se encontre,
Ela ao menos revive
Ante pequenos espaços
A lembrança do calor do sol
A amargura seca sua boca
As lágrimas correm sem embaraço
E a Dor aplaude de camarote
Mais uma vez sua insana vitória
Sobre uma alma torturada
Autoria: Cristiane Schilipack
Poesia criada em 22/04/2007
simplesmente para F. V. D. B.
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